Mesmo que não sintonize a RTP ... está a pagá-la ... e bem paga!...
No frenesim matinal das zonas metropolitanas pontuam os ardinas que procedem à distribuição dos jornais gratuitos. O aparecimento destes jornais, bem assim como a divulgação de notícias online que adveio do desenvolvimento da internet e os mais antigos, mas que não deixam de pertencer à história contemporânea do nosso país, surgimentos das rádios e televisões privados, operaram um conjunto sucessivo de revoluções no universo da Comunicação Social.
Essas revoluções vieram influenciar de forma decisiva os antigos órgãos de comunicação no conteúdo e na forma como apresentam a informação, ao ponto da Comunicação Social atingir o estatuto de “poder”.
Todavia omite-se que esse poder, à semelhança do poder político e do poder judicial, é facilmente subjugável ao poder económico. Essa subjugação efectiva-se numa pressão sobre os jornalistas, sobre as direcções de informação e sobre as próprias direcções. Só com base neste dado é que se compreende que acontecimentos ou informações importantes sejam omitidos enquanto que outros que nenhuma importância têm sejam repetidos de forma incessante.
Nessa grande quantidade de informação que chega ao grande público e no realce exagerado que é dado a um número restrito de notícias e que leva a que outras passem sem que lhes seja o devido valor, passou um apontamento que julgo ser de grande interesse para muitos portugueses e que foi publicado no passado dia 12 de Setembro (de 2007) na página 12, na Rubrica “10 Segundos” do Jornal Diário Gratuito Destak (Edição de Lisboa) e que passo a transcrever.
CONTRIBUIÇÕES AUDIOVISUAIS Cada português paga 36 euros mensais à RTP Cada português paga, em média, 36 euros mensais à RTP. Contribuições do Estado e dos consumidores de electricidade, que pagam uma contribuição audiovisual, estarão na origem de grande parte das receitas da estação pública de TV. Note-se que, entre 2003 e 2006, a contribuição audiovisual aumentou 41%. |
Se outros motivos não houvesse, só este chegaria para justificar um maior grau de exigência dos portugueses face aos programas e seus conteúdos apresentados pela Rádio Televisão Portuguesa.
... 760 tantos tantos ... e verás o milagre ... do dinheiro a voar ...
Por trás dos passatempos ditos de interactivos e de outros programas em que se apela incessantemente aos telespectadores, para que estes liguem para um número iniciado por 760, sem que haja a devida divulgação dos regulamentos ... há uma mensagem escondida ou omissa a que convém estar atento e que assenta mais ou menos no seguinte conceito:
Telefona ... Liga 760 tantos tantos
dá cá 60 cêntimos mais IVA! ... Sem medo ...
É assim que nós e o Estado ... enchemos o bolso
enquanto tu ... ficas a chuchar no dedo!
Na Televisão... Suportados por uma legalidade (muito) discutível mas facilmente justificável ...
Depois de jantarem João Trovão e Maria Relâmpago vão sentam-se no sofá da sala. Maria liga a televisão e dá de caras com o concurso “A Herança de Verão” e com o aparecimento de Tânia Ribas de Oliveira, com o seu sorriso sensual e o seu jeito sexy ... convidando os telespectadores a telefonar para responderem à “Pergunta de Casa” e se habilitarem dessa forma a ganharem um Computador Portátil, apresentado como sendo topo de gama.
- Chiça! ... agora parece que não há programa televisivo que não anuncie um número para o qual as pessoas devem ligar para concorrer a qualquer coisa! ... - Gritou João do sofá.
- Já estás tu a reclamar, que mal é que isto tem?
- O problema é que antigamente, quando os programas radiofónicos e televisivos faziam concursos para casa, os premiados eram os primeiros a responderem correctamente ao desafio colocado e ainda há quem pense que assim é!
- Então mas as televisões disponibilizam os Regulamentos dos concursos ...
- Sim! No Teletexto ou nos sites ... e achas que os telespectadores que são tentados a responder, conseguem visualizar essa informação ... quando há casos em que para se aceder aos regulamentos é necessário fazer downloads de software informático ...
- Olha! Se todos fizessem como uma colega minha do escritório, já ninguém ligava para esses passatempos e as televisões já tinham desistido de os fazer ... imagina que uma vez depois da questão ter sido colocada no programa televisivo, tentou responder e o telefone para o qual deveria dar a resposta deu sinal de impedido e pensou que alguém se tinha antecipado, mas depois disso no mesmo programa, a pergunta voltou a ser colocada com o argumento que ainda ninguém tinha tentado responder e obviamente passou a não acreditar na honestidade desse tipo de concursos e nunca mais caiu na tentação de responder a perguntas de casa colocados nesses programas.
- Pois é Maria, agora, existem alguns programas em que a pergunta de casa ou o jogo de casa continua a obedecer ao critério de os primeiros a responderem ganham o prémio, mas na maioria dos casos o prémio é dado por sorteio a uma das respostas dadas ou dado à resposta certa numero x, a existência de critérios diferentes que nem sempre são devidamente anunciados ou que nem sempre são percebidos por quem pode ou fica tentado a responder, aliado a uma repetição incessante de uma pergunta normalmente bastante fácil, leva a que sejam dadas milhares de respostas, muitas vezes por crianças e adolescentes e que não percebem que estão a cair numa armadilha que pode sair bem cara para os seus pais, bem além das crianças e dos adolescentes ... ainda há algumas pessoas de idade que não percebem essa armadilha ...
- Aí tens razão! ... se repetem tantas vezes a pergunta nesses programas, também deveriam divulgar os regulamentos ou pelo menos as partes mais importantes destes.
- Sabes o que te digo?! Isto é uma fraude bem montada! ... Por exemplo na “Herança de Verão” a resposta premiada com um valor comercial não superior mil euros, já chegou a ser a 4 mil tal, não é preciso fazer muitas contas para concluir que ao fim de três mil chamadas, a sessenta cêntimos mais IVA cada, os participantes no concurso gastam mil e oitocentos euros ... mais IVA.
- Então, mas o concurso deve ter uma base legal ...
- Sim deve obedecer aos critérios de legalidade dos “negócios da China” ... já que sai fora dos limites do bom senso ... mas também é tem em mente que, o IVA de 1800 euros, à taxa de 21% é 378 euros, ou seja qual é o poder político que é capaz de colocar um entrave a estas situações abusivas e lesivas dos telespectadores, mesmo que cometidas pela Televisão que se diz ser de serviço público, se ganha tanto ou mais que os concorrentes?...
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Mesmo que não se tenha um filho capaz de levar a zero o saldo do telemóvel ou gastar fortunas no telefone fixo, a responder a perguntas de casa efectuadas nos programas televisivos, seria importante que fizéssemos com que as Televisões deixassem de transmitir Jogos de Casa, deixando assim de ganhar dinheiro à custa dos telespectadores mais distraídos ou menos esclarecidos.
(...) 18. Não é permitida a participação no presente passatempo: a. De qualquer trabalhador ou membro dos órgãos sociais da RTP, da 4 ONE e/ou de sociedades que com aquelas se encontrem em relação de grupo; b. De pessoas que tenham sido premiadas em edições anteriores do passatempo; c. De todos aqueles que se encontrem objectivamente em condições de beneficiarem ilegitimamente de informação privilegiada e não pública, relacionada com o passatempo; d. Por parte de menores de dezasseis anos; e. Através do terminais telefónicos ou de outros equipamentos que permitam a programação da realização automática de chamadas. 19. A violação do disposto no ponto anterior determina a anulação da participação. Em caso de anulação da participação do vencedor, o prémio não será atribuído. (...) |
RTP - Rádio Televisão Portuguesa |