(...) Há testemunho de que as ervas já eram utilizadas na Grécia Antiga, onde eram conhecidas pelas propriedades aromáticas e constituíam a base do tratamento de numerosas doenças. Hipócrates, célebre médico grego, descreveu algumas centenas de medicamentos à base dessas plantas, cuja utilização se manteve ao longo de muitos séculos. (...) (...) As propriedades medicinais das ervas eram, porém, as mais enaltecidas. Em 1597, Jonh Gerard, herbanário e boticário, publicou um volumosos tratado, que pesava 5 Kg e continha 1000 páginas, com a descrição ilustrada em xilogravura de cerca de 3000 plantas. As mezinhas à base de ervas continuaram a ser objecto de estudo dos físico até ao século XVIII, e ainda hoje, para a preparação de grande parte das drogas, recorre-se às fontes da Natureza. A morfina é obtida da papoila; a digitalina, estimulante cardíaco, da dedaleira; a colquina, usada no tratamento de certas formas de reumatismo, é obtida do cólquico (Colchicum). (...) |
Doenças e ervas medicinais "Todas as plantas têm princípios activos, capazes de interferir a nível biológico se ingeridos pelo organismo humano. Destiladas, a maioria das plantas produz essências, álcool e gases combustíveis. Associadas a estas substâncias estão outras que, pela sua concentração, dão propriedades específicas às plantas, como é, por exemplo, o caso das papoilas que produzem o ópio. Existem vários trabalhos dedicados à flora transmontana; como exemplo, em 1984, Berta Nunes, Ana Paula Oliveira e Margarida Cunha Ferreira publicaram um opúsculo intitulado Plantas Medicinais de Barroso, que está longe de abarcar a totalidade da flora medicinal. Trata-se de um começo, mas sabemos que de muitas plantas nem se suspeita sequer o poder medicinal, porque não foram testadas nem pelo povo nem pela ciência, que se esqueceu, por exemplo, que as poutegas são boas para acudir à fome de Maio. Não é nosso propósito reproduzir aqui tal trabalho. Relataremos, isso sim, algumas das moléstias identificadas pela medicina popular e indicaremos o prognóstico e tratamento. Anemia (identifica-se por uma espécie de fraqueza física) - aliviam-na os bolos de milho untados com azeite. Também um litro de vinho com gemas de ovo e açúcar. (...) Asma (identifica-se por uma tosse intensa, rouca e frequente) - alivia-se fumando figueiras-de-inferno. Bexigas (existem várias afecções da bexiga) - as melhores terapias que se conhecem é evitar as bebidas alcoólicas e beber abundantemente a água pura de Barroso. Também as ervas como a salsa, o morangueiro, as barbas de milho, a carqueja ou qualquer chá de folha de lenhosas parece acalmar os males da bexiga. Bichas - esfregar as fontes da cabeça com alho, tomar diversos chás (absinto, hortelã, etc.) e fazer uma dieta apropriada à base de azeite e alimentos cozidos. Bronquite (inflamação dos brônquios) - como para a asma, fumar figueiras-de-inferno ou então defumar-se com eucalipto ou loureiro. Alguns chás (como o de eucalipto) são aconselháveis. Calvície - se se trata da queda do cabelo numa zona específica (peladas), ferver folhas de nogueira e lavar a cabeça com a água. Também se diz que o tabaco macerado pelo menos oito dias tem um resultado idêntico. (...) Catarro (tosse e dores nas vias respiratórias) - ferver vinho com açúcar ou com mel e bebê-lo. Sopa de frango e legumes onde se cozeu muita cebola. Constipação e rouquidão - sopa de frango e muita cebola. Vinho quente com açúcar ou mel. Coqueluche - xarope de folhas de figueira-de-inferno, de flor-de-sargaço, pinhas-bravas ou agriões. Diabetes (insuficiência de insulina) - dar açúcar aquando das crises. Tomar onze dias chá feito de dois ramos de alecrim, raiz de salsa, cominhos, raiz de madessilva, cinco pontas de pinheiro e cinco folhas de salva fervido cinco minutos em meio litro de água e adoçado com uma colher de açúcar. Diarreia - comer farelo. A aguardente com açúcar também é utilizada, assim como o trigo seco, o centeio, chá de marmeleiro e a água de pevides da cabaça. Dores de dentes - para a dor de dentes o melhor remédio é o óleo de cravo-da-índia (ou o cravo esmagado). O álcool (aguardente) e o fumo de cigarro também são recomendados. Contudo, o remédio mais eficaz é lavar a raiz do dente que dói na pia da água benta da igreja. (...) Febre - banhos de água fria. Esfregar o doente com urtigas. (...) Fígado - evitar as bebidas alcoólicas e beber apenas água pura de Barroso, O chá de marroios e da erva de S. Silvestre também é aconselhável. (...) Gota — a gota manifesta-se geralmente pelo inchar dos pés e uma dor aguda impedindo a marcha. Também podem existir dores nas outras articulações. Cura-se com uma dieta sem gorduras e sem bebidas alcoólicas. Por outro lado, pôr a zona atingida (geralmente os pés) em água salgada ou ferver folhas de nogueira e meter os pés nessa água à temperatura mais elevada que se puder aguentar. Dormir com os pés mais altos que o corpo. (...) Gripe — sopa de frango com muita cebola. Tomar também uma bebida alcoólica quente com açúcar ou mel. O mel, o alecrim, o vinho e a banha de porco fervidos também parecem ser um bom remédio. (...) Infecções — esfregar com uma bebida alcoólica. A raiz de urtiga, as folhas de nogueira, as malvas e a erva-de-sete-sangrias também atalham as infecções. (...) Intestinos — água pura de Barroso, aguardente, nozes e pão. O farelo e a farinha parecem ser eficazes na regulação dos intestinos, assim como os legumes. Os chás de arruda, salva, caroço de marmelo ou artemísia também são indicados. (...) Órgãos genitais femininos — trata-se sobretudo dos corrimentos, que param lavando com água de malvas. Pedras nos rins — água pura de Barroso. Banhos de cozimento de chapotos de flor branca. Peito apertado (dores fortes aquando da inspiração) — chá de duas folhas de eucalipto, hortelã-pimenta, raiz de alho, casca de cedro, raiz de carqueja e grão de erva-doce. Ferver cinco minutos em meio litro de água, adoçar com duas colheres de açúcar e tomar sete dias. (...) Rins — água pura de Barroso. Chá de erva de S. Roberto. (...) Sarna (é devida a um ácaro que cava galerias na pele para aí depositar os ovos; manifesta-se por erupções e coceira) — esfrega-se a pele abundantemente com uma bebida alcoólica. A água onde se ferveu flor de carqueja também resulta, assim como banha de cobra. Tensão (alta e baixa) — substâncias contidas no pão de centeio regulam a tensão. O chá de oliveira parece também ser um regulador natural. (...) Tosse — chá de folhas de castanheiro ou de laranjeira. Também se costumam defumar as pessoas com estas duas plantas. Um remédio eficaz é ameaçar alguém de se lhe tirar a tosse (Gralhas). (...) Tuberculose (identifica-se por uma tosse rouca e fraqueza geral) - cura-se à base de murta, mel, açúcar e ovos. O que é preciso é fabricar uma bebida bem quente que alimente o como e ao mesmo tempo arrebente com os micróbios." (Fonte: Medicina Popular - Ensaio de Antropologia Médica, de António Fontes e João Gomes Sanches, Âncora Editora, Colecção "Raízes", Março de 1999 - p.62 a 64) |
A "saúde" das ervas "Durante milhares de anos, o homem guiado pelo mesmo instinto que hoje leva outros animais a se purgarem com certas ervas escolhidas, ele seleccionava na natureza os vegetais para a cura dos seus males. E, ao organizar-se em comunidades começa a transmitir às gerações futuros o “fruto do saber” — os celtas, nossos remotos antepassados, conheciam perfeitamente as propriedades das Fontes termais e são imitados pelos legionários romanos; os chineses e os egípcios ensinaram as propriedades do ópio, da romã, do ruibarbo; os gregos e os romanos definiram a utilização das sementes de rícino, da beladona ou da misteriosa mandrágora; os gauleses trouxeram o conhecimento do visco-branco da verbena, da centaurea, da milfurada, do meimendro e da salva. Entre fitoterapeutas, clérigos e alquimistas foi-se então desenvolvendo o estudo das plantas medicinais e, passados assim os séculos chegamos agora ao que se convencionou chamar a época moderna — com o fim do reino dos “remédios naturais”. Contudo, novas correntes científicas e de forma de vida, uma espécie de regresso às origens e à natureza, configura-se entre a actual classe médica, botânica, farmacêutica ou ambientalista que prima pela valorização do melhor de cada sistema medicinal, tendo em atenção os perigos de qualquer um dos métodos. Que assim seja. " |
Síntese de usos medicinais Alecrim - Auxiliar da memória; para estados depressivos; estimula a circulação sanguínea; ajuda a fazer a digestão das gorduras (folhas); problemas de fígado. Agrião - Para a tosse e bronquite; contra as anemias por carência de ferro. Arando (ou uva-do-monte) - Para o colesterol e triglicéridos. Alfazema - Alivia as dores de cabeça e acalma os nervos (flor); anti-séptico contra o acne (flor); tranquilizante. Arruda - Lavagem do estômago; fortalecimento da visão; para lavar os olhos cansados (folha); antídoto contra certas mordidelas de cobras. Borragem - Em dietas sem sal (folha); para o catarro e gripes; tranquilizante; depurativa e refrescante. Erva-cidreira - Alivia o catarro provocado pela bronquite crónica; as constipações febris e as dores de cabeça (folha). Erva de São Roberto - Para doenças do estômago. Carqueja - Facilita a digestão e estimula a secreção da bílis; acção antibiótica; infecção da bexiga; pedra nos rins; para a arteriosclerose: hipertensão arterial; sinusite, bronquite, anginas e tosse. Funcho - Estimulante do apetite; auxiliar da digestão; desinflamar as pálpebras e melhorar a visão; suavizar o hálito (sementes). Nota: não usar em doses excessivas Hipericão - Para atenuar os sintomas da menopausa; queimaduras menores do sol (óleo); para libertar a tensão. Hortelãs - Prevenções de constipações e gripes; inflamações da garganta; tranquilizante; ajuda a digestão; para as lombrigas Louro - Para enjoos e irritações nervosas, para abortar; para bronquites; ajuda a fazer a digestão e estimula o apetite (folha). Nota: todos os loureiros, excepto o loureirovulgar, são venenosos Malva - Actua como laxante não agressivo; combate muitos problemas inflamatórios; usada para emagrecimentos. Morangueiro-bravo - Para os nervos e contra a diarreia (folha) . Em decocção, é um adstringente suave (fruto). Nota:podem provocar reacções alérgicas Néveda - "dor de barriga das mulheres”; dores “tortas” após o parto; dores do reumatismo. Oregãos - Combatem a tosse, as dores de cabeça nervosas e a irritabilidade (extremidade florida). Pilriteiro - Estimula a circulação. Poejo - Eliminar vermes intestinais; facilita a digestão; tranquilizante para distúrbios menstruais. Nota: é tóxica quando usada em grande quantidade. Sabugueiro - Prevenção de gripes (flores); frieiras, mãos e pés frios (pomada de folhas de sabugueiro); desconforto das ressacas (flores). Salva - Ajuda a digestão, a combater a diarreia (folha); gargarejos para as anginas. Nota:não deve ser tomado em grandes doses por períodos muito longos Salsa - Prevenção de perturbações renais; dores de torceduras; mau hálito; picadas de insectos. Segurelha - Auxiliar da digestão. Tanchagem - Para tratamento de furúnculos; problemas respiratórios (tosse, bronquite e catarros) Tomilhos - Tónico digestivo; combate os incómodos das “ressacas”; constipações ou gargantas inflamadas (folha); ferimentos ligeiros; queda de cabelo. Urtiga - Sangramento do nariz; purificação do organismo; anti-raquítica e anti-anémica. Zimbro - Para tratamentos de eczemas, dermatoses, psoríase e outras doenças da pele; parasiticida externo (óleo de caule). (Fonte: Etnobotânica - Plantas Bravias, Comestíveis, Condimentares e Medicinais, de José Alves Ribeiro, António Manuel Monteiro e Maria de Lurdes Fonseca da Silva, João Azevedo Editor, 2000) |
Índice terapêutico Aftas: malva, saálvia Aleitamento: hortelã Amigdalite: malva, sálvia, tanchagem Anemias: agrião Apetite: alecrim Arteriosclerose: carqueja Asma: agrião, carqueja, sálvia, alfazema Azia: carqueja Bronquite: agrião, alecrim, tanchagem Cálculos biliares: hortelã Cálculos renais: carqueja Calmante: erva-cidreira, hortelã Ciática: arruda Cicatrizante: alecrim Circulação: alecrim Cólicas menstruais: alecrim, arruda, poejo, sálvia Depressão: alecrim, alfazema Depurativo: carqueja, tanchagem Diabetes: agrião, alecrim, carqueja, malva Diarreia: sálvia, carqueja Digestivo: agrião, alecrim, alfazema, arruda, carqueja, erva-cidreira, hortelã, poejo Diurético: malva Emagrecimento: malva Enxaqueca: alfazema, arruda, hortelã, erva-cidreira Expectorante: agrião, malva, sálvia Faringite: sálvia, arruda Feridas: sálvia, arruda Fígado: carqueja, erva-cidreira, malva Flatulência: hortelã, poejo, sálvia, alfazema, arruda, erva-cidreira Furúnculo: malva, tanchagem Frieiras: sabugueiro Garganta: malva, sálvia Gengivite: malva, sálvia Gota: arruda, alfazema, carqueja Hemorróidas: arruda, tanchagem Hepatite: agrião, alecrim, carqueja Icterícia: hortelã, poejo Laxante: carqueja Menstruação (ausência): agrião, alecrim, arruda, erva-cidreira, poejo, sálvia Micoses: arruda Náuseas: arruda Obesidade: carqueja, malva Piolhos: arruda, poejo Pressão alta: alecrim, carqueja Prisão de ventre: erva-cidreira, hortelã, malva, mancoliais, tanchagem Queda de cabelo: alecrim, alfazema Queimaduras: tanchagem Regulador das menstruações: poejo Reumatismo: alfazema, carqueja, poejo, sálvia Sistema nervoso: erva-cidreira Tosse: agrjões, alfazema, malva, oregãos, poejo, sálvia, tanchagem Ulceras: alecrim, sálvia Varizes: pilriteiro, tanchagem Vias urinárias: carqueja Vómitos: arruda, erva-cidreira, hortelã (Fonte: Etnobotânica - Plantas Bravias, Comestíveis, Condimentares e Medicinais, de José Alves Ribeiro, António Manuel Monteiro e Maria de Lurdes Fonseca da Silva, João Azevedo Editor, 2000) |
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